Muita gente me pergunta como foi ter mudado de profissão depois dos 30 anos e eu respondo que nunca parei pra pensar na mudança em si. Troquei porque fui obrigada a fazer isso.
Eu trabalhei por quase 10 anos na área de Marketing, tinha uma carreira sólida, mas nunca foi o que me tirou o ar de emoção – até porque eu estava tão mecanizada no processo que nem sabia o que era isso. Até que eu engravidei e vocês sabem que mulher e gravidez é algo que as empresas não estão preparadas. Meus filhos nasceram de 30 semanas, ficaram em hospitais diferentes e um deles acabou permanecendo mais tempo na UTI com várias e enormes decorrências (período muito difícil e que quase levou meu Miguel). Minha licença maternidade foi dentro do hospital. Depois da última passagem pela UTI, quando Miguel ganhou alta da correção intestinal, 1 semana depois precisei voltar a trabalhar. Não tive direito a estender minha licença para, enfim, cuidar dos meus meninos em casa. Até tentei negociar com a empresa, mas foi sem sucesso (empatia? não tive). Acabei que precisei parar de trabalhar para dar conta da demanda que 2 bebês prematuros exigem (médicos e terapias quase que diárias).
Com 1 ano e 9 meses, depois de ser encorajada por muitas pessoas, resolvi que encararia sem muita pretensão a fotografia. O processo foi muito natural, parecia que eu estava sendo preparada há anos para isso. Lembro dos primeiros trabalhos o quanto eu chegava eufórica. Ainda muito sem técnica, não entendendo sobre softwares de edição, backups, processos, administrativo, dei a cara para bater e hoje estou aqui, 6 anos depois. O 1º ano me dediquei a euforia e o prazer que aquilo me dava – foi mágico. Depois passei a entender que aquilo seria meu ganha pão e precisei trabalhar a emoção com o empreendedorismo. Não que tenha mudado muita coisa, mas aí você precisa ter jogo de cintura para compreender que seu trabalho sustenta um lar. Outra coisa que me deixava feliz era o fato da flexibilidade de horário. Os meninos tinham (tem) uma agenda repleta de atividades e não queria terceirizar isso, queria poder viver cada momento.
Hoje sou feliz e realizada pela profissão que me conquistou e me permite ir na academia no horário da herdeira (hahahahaha), mas meus sábados e domingos tô lá batendo cartão nas festas e durante a semana tem os ensaios. Minha vida é uma loucura e trabalho muito mais que antes.