Aniversário
Trieste Stadium
A partida de futebol do Henrique
Fotografar famílias é acompanhar o desenvolvimento de cada integrante. É ver os cabelos brancos aparecerem, as rugas já serem mais presentes, os sorrisos cada vez mais gratos e ver que todo mundo cresce.
Eu acompanho o Henrique desde os seus 5 anos. Ele cresceu, mas tem coisas que não mudaram: o jeito doce, amável com todos, dialogador, responsável, inteligentíssimo, cauteloso e apaixonado pela sua família - pela Helena, sua irmã, nem se fala. Sei que eles andam numa fase de ganhar território, mas eles escrevem cartas um para o outro, diz que se amam e tá tudo consertado.
Chegamos na festa de 8 anos do nosso guri. Boom! De um dia para o outro, a festa no buffet de festas já não era mais interessante, o escorrega já é coisa de "bebê" e os personagens já não fazem tanto sentido. A pré-da-pré adolescência bateu na casa da família Albuquerque Hartmann. A opinião de um rapazinho de 8 anos precisava ser atendida com vários detalhes: não basta a festa ter o tema futebol, ela tem que ser futebol, em um estádio. Por muito, muito pouco, a festa foi num estádio de time profissional DE VERDADE (sim, a festa era pra ter acontecido no estádio do Athletico Paranaense), mas tem coisas na vida que a gente não controla. Com a negativa inesperada, a Cla, mãe, correu atrás desesperadamente para atender o pedido do nosso menino sonhador. E ela conseguiu! A festa teria campo de futebol profissional, vestiário, arquibancada - Trieste Stadium, em Santa Felicidade, LÁ VAMOS NÓS!
Eu lembro de chegar e o Henrique já estar naquele sagrado para o seu desejo: o campo e ele já tava alucinaaaaaaado e isso que os amigos nem tinha chego ainda. Os convidados foram chegando e nem precisava ser dito "fica a vontade" porque todos já se sentiam bem. A energia do aniversariante era infinita e mesmo que ele nem cumprimentasse cada um (né? tem que aproveitar cada segundo) todos sentiam a alegria dele de longe.
Agora chega de conversa e vamos ao que ele tanto queria: a magia por completo do futebol. Preleção do técnico, escolha do time, distribuição de coletes, O TUNEL DO VESTIÁRIO e toda aquela marra com respiro profundo para entrar no CAMPO. Ah, que emoção!!! Todos postados para a foto oficial, hino e reunir a equipe para definir o que cada um faria. Tá, nem tudo o que eles combinaram deu certo, mas o jogo foi pegado. Acho que corri uns 10 km nesse dia hahahahahaha! O jogo seguiu o protocolo: correria, toca lá, disputas acirradas, chega pra lá, "ooo seu juiz, não tá vendo", "ladrão, ladrão", "passa pra mim". No meio daquele corre corre danado, parei para olhar o Henrique. Já fotografo ele há tantos anos e cada vez sinto algo mais forte. Toda vez que acontece isso durante o trabalho eu faço a reflexão da importância que são as fotografias na história das pessoas e isso mexe demais comigo. Por instantes entro naquele canal que mergulhei e volto numa energia que não sei explicar. Não é conexão, é uma permissão de almas.
Henrique, daqui uns anos você vai ler esse texto e sentir esse "algo forte" que falei. Você vai sentir o quanto a sua existência nesse mundo foi importante na construção de indivíduo dos seus amigos, das relações, dos desentendimentos, das alegria e do respeito entre vocês. Vai lembrar da alegria desse dia também, mas vai se emocionar por saber que tua mãe fez o impossível para realizar teu sonho. Saiba que você me faz uma pessoa melhor a cada vez que te fotografo. Pelo teu olhar eu vejo um mundo melhor, acredite <3
Vem correr comigo na festa do Henrique!